quinta-feira, 21 de maio de 2009

Karmann-Ghia


Meu pai tinha uma loja de autopeças na cidade de Santos e quando eu era moleque com uns 13 anos, vivia na loja e nas oficinas próximas.

A loja era na rua Brás Cubas, na Vila Mathias, um bairro de muitas oficinas, lojas de automóveis e concessionárias. Pela amizade que o meu pai tinha com mecânicos, eletricistas e funileiros (lanterneiros para o pessoal do Rio) eu sempre que podia, fazia "estágio" nas oficinas. Nas férias escolares colocava macacão e ficava desmontando motor de fusca, montando carburador, cabeçote. Não entendia muito como funcionava, mas adorava aquilo.

Vizinha à loja do meu pai, tinha uma oficina muito grande, chamada CARPO - era a versão sincopada brasileira da palavra Volkswagen ou Carro do Povo - e nessa oficina começaram a construir um carro esporte que levava o nome da oficina - o Carpo. Era um projeto bem moderno para a época (devia ser o ano de 1966 ou 67) e inclusive saiu foto dele na revista 4 Rodas.

Montaram umas 3 ou 4 carrocerias em chassis Volkswagen, todas pintadas de verde escuro.

Nunca mais soube o que aconteceu com o projeto. Era bonito e chamava atenção quando passava na rua. Eu ficava totalmente abobado em poder presenciar o nascimento de um carro, primeiro com o molde em madeira, depois em argila e por último vê-lo pronto.

O responsável pela construção era um funileiro chamado Manequinho - o cara mais calmo que eu já conheci na vida. Era aquele tipo que ficava duas horas com o martelinho batendo no mesmo lugar na lataria amassada, para arrumar e deixar perfeito.

Digo tudo isso, por que naquela época um funileiro para ser considerado um bom profissional, tinha que fazer um trabalho perfeito em carroceria de Karmann-Ghia, pela dificuldade de desamassar a correceria cheia de curvas.

Quando você indicava um funileiro para um amigo, para comprovar a capacidade dele, completava com a frase "pode levar o carro que ele é funileiro de Karmann-Ghia".

Esse comercial fala exatamente isso: Karmann-Ghia - Um carro feito a mão.

Obs: Eu tinha esquecido de dizer que esse material que estou postando no blog, recebi por e-mail do blogueiro Cesar Costa, a quem eu agradeço.

7 comentários:

Antonio Contreras disse...

Nasci e moro em Santos, conte mais de sua juventude na cidade.

Aroldo Teixeira disse...

Oi Antonio,
Essa época em Santos é inesquecível. Vou com bastante frequência aí, pois tenho vários parentes em Santos e São Vicente.
Era um tempo de estudar a noite no Brasília em São Vicente e depois Colégio Canadá, ser integrante da "escuderia" Direct Inject Team que tinha ponto no Embaré e era a adversária do bicho-papão, que era a Escuderia Mordedor. Tempo bom!

Cesar Costa disse...

Agora fiquei curioso quanto ao tal Carpo...

Aroldo Teixeira disse...

Cesar,
Tenho um amigo que coleciona 4 Rodas. Vou tentar encontrar a foto do Carpo. Pode demorar algum tempo, mas vou tentar localizar uma referência desse carro.
Abs

Cesar Costa disse...

Falou!

GP Oficina Mecânica disse...

Vou procurar em minhas 4 rodas, capaz de ter este exemplar....

Esse negócio de funileiro ser bom, eu concordo com voce... meu pai estava me contando esses dias que lá pelos meados de 80, quando a Divisão 3 estava no seu auge, ele viu um funileiro, não me lembro o nome agora moldar a partir de uma chapa de aço plana um para-lamas largo para divisão 3 no martelo, e não ficou nenhuma marca...

realmente me impressionei com a história.

Carlos Eduardo Szépkúthy

Aroldo Teixeira disse...

Oi Carlos Eduardo,
Se vc tiver e puder mandar a foto pra mim eu publico aqui no blog. Saiu em uma matéria sobre vários fora-de-série que estavam sendo produzidos no Brasil.
Sobre o talento dos funileiros, realmente conheci alguns artistas capazes de fazer milagres.
Abs
Aroldo Teixeira